HQ: EX MACHINA



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“A ficção nos permite deslizar para dentro dessas outras cabeças, para esses outros lugares, e olhar através de outros olhos. Então, no conto, paramos antes de morrer, ou morremos de forma indireta ou sem prejuízo e, no mundo além do conto, viramos a página ou fechamos o livro e terminamos de viver nossa vida. Uma vida que, como qualquer outra é diferente de todas.” - Neil Gaiman, Deuses Americanos.

Quando fui convidado para escrever um post sobre HQ no site, o Torremo deixou bem claro que, era uma proposta nenhum pouco atraente financeiramente, não haveria grandes promessas de visibilidade e que, provavelmente, o único leitor de meu post seria eu mesmo. Não pensei duas vezes. Aceitei! Afinal quem resiste aos encantos desse ex- gordinho.

Pessoal, vou escrever sobre aquelas revistinhas ilustradas onde, vejam vocês, os diálogos são inseridos dentro de balões. Alguns incautos, incultos e pessoas com pouco intelecto chamam de gibi. Gente, por favor, são Graphics Novels!(piadinha gente, chamem de gibi mesmo). Sabe, fiquei pensando sobre qual quadrinho começar, afinal tem tanta coisa boa que todos deveriam conhecer que fica extremamente difícil, mas como estamos em época de eleição nada melhor do que falar sobre uma HQ onde o personagem principal é um prefeito. Não gente, ele não usa chapéu, não reside em MHcity, e nem vive constantemente sob o efeito de sua poção mágica. Ele é um super-herói aposentado que se torna prefeito de Nova York. Ex Machina tem como personagem principal um engenheiro civil que exposto por um estranho artefato adquire o “dom” de se comunicar com dispositivos eletrônicos. Como um ávido leitor de quadrinhos, (isso mesmo, o personagem principal é um leitor de quadrinhos!) Mitchell Hundred resolve que precisa combater o crime de Nova York munido de um Jet Pack e seu poder de se “falar” com máquinas e inicia, a seu modo, uma breve carreira de herói conhecido como a “A Grande Máquina”. Sempre ao lado de seus parceiros Kremlin, seu mentor, e Bradbury o brutamontes. No entanto, cansado de capturar meliantes, Mitchell decide que é hora de fazer alguma coisa mais significativa pelo mundo – algo que jamais conseguiu sendo o herói conhecido com A Grande Máquina. Assim, decide concorrer à prefeitura de Nova York e consegue uma vitória esmagadora.

E é aí que a historia começa a engrenar, o ponto alto da série são as situações vividas pelo prefeito Mitchell Hundred as discussões internas com seus aliados, o contato com os eleitores, e todos os detalhes que envolvem sua administração, são construídas com base em um dialogo ágil, envolvente, e verossímil. O autor Brian K. Vaughan sabe como entreter o leitor com personagens carismáticos, historias densas e constantes reviravoltas na trama. A arte é de Tony Harris que usa linhas simples e cores sóbrias na composição. Vaughan também abusa das citações, siglas, e referências que são ligadas ao cotidiano dos americanos. Ex Machina é dividido em 10 volumes e tem o preço médio de R$17,90 por volume e, óbvio, vale muito a pena.

PS: Deus ex machina expressão latina vinda do grego “ἀπὸ μηχανῆς θεός” (apò mēchanḗs theós), significa literalmente “Deus surgido da máquina” e é utilizada para indicar uma solução inesperada, improvável e mirabolante para terminar uma obra de ficção ou drama.

Sua origem encontra-se no teatro grego e refere-se a uma inesperada, artificial ou improvável personagem, artefato ou evento introduzido repentinamente em um trabalho de ficção ou drama para resolver uma situação ou desemaranhar uma trama. Este dispositivo é na verdade uma invenção grega. No teatro grego havia muitas peças que terminavam com um deus sendo literalmente baixado por um guindaste até o local da encenação. Esse deus então amarrava todas as pontas soltas da história.

A expressão é usada hoje para indicar um desenvolvimento de uma história que não leva em consideração sua lógica interna e é tão inverossímil que permite ao autor terminá-la com uma situação improvável porém mais palatável. Em termos modernos, Deus ex machina também pode descrever uma pessoa ou uma coisa que de repente aparece e resolve uma dificuldade aparentemente insolúvel. Enquanto que em uma narrativa isso pode parecer insatisfatório, na vida real este tipo de figura pode ser bem-vindo e heroico.

A noção de Deus ex machina também pode ser aplicada a uma revelação dentro de uma história vivida por um personagem, que envolva realizações pessoais complicadas, às vezes perigosas ou mundanas e, porventura, seqüência de eventos aparentemente não relacionados que conduzem ao ponto da história em que tudo é conectado por algum conceito profundo. Essa intervenção inesperada e oportuna visa a dar sentido à história no lugar de um evento mais concreto na trama.
A tragédia grega de Eurípides era notória em usar este dispositivo na trama.
Fonte: Wikipédia.