Sobre os gênios



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Todos admiramos os gênios. Esses universalmente famosos, Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Beethoven, Mozart, Charles Chaplin, etc. O que é comum a vida desses e de outros gênios? Pra mim parece ser a liberdade de usar o cérebro, consumir tempo de máquina com problemas que apareceram em suas vidas mais por resultado de eventos aleatórios do que qualquer outra coisa. É mais como a tarefa que chamou a atenção do autor, e em muitos casos esse autor foi inclusive o único a observar tal tarefa.

Se você analisar o nível dos caras que ganham o prêmio Nobel, comparando o pessoal do início do século passado com a atualidade, fica claro que os gênios já não tem mais tanto em comum com os gênios de antigamente. Erwin Schrodinger recebeu o Nobel de Física, escreveu um livro intitulado “O que é a vida?”, no qual usa seu conhecimento de física para “imaginar” como seria o mecanismo biológico que permite a hereditariedade. E agora vocês vão ter que assistir pelo menos 2 minutos e meio do vídeo pro resto do texto fazer sentido, então, pra boa parte de vocês foi bom tê-los até aqui.

James Watson, o velhinho ai, é “só” o cara que descobriu o DNA. Ele parece ser de outro planeta? Não, então, quero usar isso pra justificar que pessoas normais, simples, podem ser gênios. O senhor Watson se interessou pela evolução das espécies, dentre outras coisas, motivado por ficar observando pássaros com seu pai quando criança. Se você puder assistir o vídeo inteiro, vai ver que a curiosidade dele foi despertada justamente pelo livro do Schrodinger, e então o cara fixou “a busca do DNA” como objetivo e começou do zero a busca pelo o que ninguém sabia direito o que era. Meu, assiste o vídeo, juro que é até engraçado. A narração do Watson deixa bem claro que ele não sabia direito o que estava fazendo, tiraram ele pra “idiota” algumas vezes, ele publicou o artigo explicando como era o DNA e mesmo assim demorou alguns anos para que o seu trabalho fosse levado a sério, o que é normal quando alguém faz uma grande descoberta.

Mas, a questão é, tanto o Schrodinger quanto o Watson, quanto qualquer outro gênio, estavam se divertindo. Todos tiveram que se esforçar, todos ficaram cansados, mas, a escolha de estar fazendo aquilo era deles, e por isso eles tinha motivação e inspiração pra fazer as suas obras. O triste de hoje é que o capitalismo está exterminando esse tipo de gênio, e deixando muita gente doente, por existir uma espécie de “cobrança” universal de que você seja um aluno nota A em tudo, que passe em primeiro lugar no primeiro vestibular, que se forme o mais rápido possível com o histórico cheio de A’s, etc. Esse gênio que cedeu a essa “cobrança” vai se dar muito bem, ser alguém muito rico, mas talvez em algum momento da vida esse gênio sentirá falta daquilo que poderia de fato fazer ele se sentir um gênio, ou simplesmente sentir falta de ter usado o livre arbítrio, de ter descoberto o que interessava pra ele.

Relacionado a tudo isso, acho que é triste pensar que o sistema educacional não tem nada a ver com o que somos essencialmente. O ensino não nos dá liberdade alguma, ao contrário, nos obriga a estudar muitas coisas que não nos interessam e por isso criamos inclusive um desgosto pela escola. Eu só senti um pouco dessa liberdade no fim da faculdade, e sinto ela mais plenamente agora. Não deveria demorar tanto pra estudar ser aquilo que você queria fazer!